Eu já expressei o meu desencanto pela falta de ética do Presidente Nyusi. Ora, ele sabia que existiam dívidas ocultas desde o início e foi parte do processo de contratação delas, mas quando as mesmas foram desveladas, ele fingiu não saber. E, em plena antena nacional, disse ser falsa a informação da existência das mesmas. Só por ter mentido à nação, se deveria ter demitido em 2016.
O tribunal de Brooklyn revelou, através de documentos e testemunhos, que gente em posições chave da administração pública estavam envolvidas na tramoia das dívidas das empresa EMATUM, MAM e Proinducus. Para além de New Man, que era ministro da Defesa, estava lá o Chopstik, que era Ministro das Finanças, sem contar com o “Papá” que era o grande Chefe de Estado. Um nome importante é da Mil Beijos. Era directora nacional do tesouro. A guardiã dos nossos recursos. Ela foi instrumental para a viabilização do endividamento. Claro que ela cumpria ordens superiores (há jurisprudência sobre essa coisa de cumprir ordens superiores ilegais- afinal não servimos aos chefes, mas ao Estado e seus interesses). Mas no meio do cumprimento de tais ordens ela teve benefícios individuais: uns milhões de dólares.
Apesar de tudo isso, a Procuradoria apenas incluiu o nome da senhora “mil beijos” na lista dos arguidos, mas nada de substancial aconteceu, será porque as investigações não levaram a nada ou sequer houve investigação? E depois de ter sido premiada nos últimos cinco anos como vice-ministra da finanças (foi exonerada nonfinalzinho em Fevereiro de 2019, um ano eleitoral, diga-se), ela voltou agora, como assessora do Coordenador do Governo, o Primeiro-ministro. Wow…
Está visto que defraudar o erário público, fazer corrupção activa, violar alunos e menores e mulheres na generalidade, apesar de ser crime, em Moçambique é compensador. Como poderemos dar certo? Sem ética, amor e respeito à pátria não há como dar certo. Façamos uma introspecção e olhemos desde a morte de Samora até hoje no que nos transfomamos, apesar de termos muita riqueza. Sem discurarmos os contextos, obviamente.
Enquanto a falta de ética corrói a nossa administração pública, vemos o nosso país em chamas. É de partir o coração.
Os insurgentes em Cabo Delgado fazem e desfazem. Os nossos irmãos das forças armadas estão a fugir ao fogo, para além de centenas terem perecido. Que injusto! Nunca vi ou ouvi alguma homenagem a aqueles heróis, anónimo e jogados em “valas comuns”.
Para além da aparente pujança dos insurgentes, eles são traídos pelos seus próprios colegas, apesar de não terem mínimas condições logísticas para enfrentar o inimigo que se espande perioga e rapidamente. Não há como não desanimar!
Se calhar é altura de chamar à acção aquele grupo que em Setembro de 2016 pediu armas ao Presidente Nyusi para combater à Renamo. A pátria chama por eles desesperadamente, afinal estão na reserva, e sua experiência na luta contra “terroristas” é necessária. Vamos, é agora. Mostrem a vossa heroicidade!
Enquanto isso, no centro do país , voltamos à saga dos ataques armados. Afinal já não temos acordo de paz definitiva (nem seu mais se é a paz ou o acordo que é definitivo)? Vamos voltar à amnistiar os autores destas mortes? E quem acalenta às famílias? Porque ninguém nos diz nada de consistente sobre a situação? Onde está e o que anda a fazer o signatário do acordo por parte sa Renamo? Porque nada diz? Porque não faz a sua parte? E o Comandante em Chefe, está em quarentena ou está escondido na COVID19? Precisamos de conforto sobre a situação no centro do país. Não podemos continuar a ter mortos depois de um acordo que foi testemunhado ao mais alto níveis e nos custou muito caro ( tempo, dinheiro e vidas) numa altura de dificuldades, ou foi tudo para o inglês ver e conquistar votos?
Por favor, queremos paz verdadeira e duradoira. Não queremos mais chorar a perda de nossos ente queridos em guerras sem sentido e nem queremos continuar a sangrar de fome e vergonha por causa da falta de ética dos nossos dirigentes.
Nós merecemos o melhor e queremos o melhor, hoje.
Por: Fátima Mimbire